A verdade é que poucos segundos de exame podem representar uma década a mais.
Acompanhado da esposa, ele entrou no consultório com o semblante sério, mas nervoso. Era a primeira vez que o Leandro, 52 anos, ia ao urologista. A esposa havia marcado a consulta sem avisar — e ele foi quase empurrado.
Na cadeira, depois de muita conversa, ele respirou fundo e disse:
— “Doutor, não me leve a mal, vou ser direto... esse tal de toque, precisa mesmo?”O médico respondeu com calma:
— “Leandro, o toque dura menos de 10 segundos. Mas pode te dar 10 anos a mais de vida.”Leandro não fez careta. Fez o exame. Não sentiu dor, não sentiu vergonha.
E saiu de lá menos preocupado — com a certeza de que se cuidar não diminui ninguém. Só aumenta suas chances.
Ainda hoje, o toque retal é visto como um dos maiores tabus da saúde masculina. A simples ideia do exame provoca piadas, constrangimento e resistência. Mas a verdade é que esse preconceito tem custado vidas.
Junto com o exame de sangue PSA (antígeno prostático específico), o toque retal é um dos principais aliados na detecção precoce do câncer de próstata — uma das doenças que mais matam homens no Brasil e no mundo.
O que é o toque retal?
É um exame físico feito pelo médico urologista, onde ele avalia o tamanho, forma e textura da próstata. Dura poucos segundos e não causa dor, apenas um leve incômodo. Não existe substituto para o toque — ele detecta alterações que o exame de sangue não capta sozinho.
E o que é o PSA?
O PSA é um exame de sangue simples, que mede a quantidade de uma proteína produzida pela próstata. Quando o valor está elevado, pode indicar inflamação, infecção ou câncer. Ele não substitui o toque, mas complementa o diagnóstico.
Quando fazer os exames?
A partir dos 50 anos, todo homem deve realizar o PSA e o toque anualmente.
A partir dos 45, se houver histórico familiar de câncer de próstata.
Negar-se a fazer o exame não é prova de masculinidade. É um risco desnecessário.
E se não fizer?
A ausência de sintomas não significa que está tudo bem. O câncer de próstata, muitas vezes, cresce silenciosamente. Quando os sinais aparecem, como a dificuldade para urinar ou a dor nos ossos, a doença já pode estar avançada — como no caso de tantos que deixaram para “ver isso depois”.
Convite para o próximo artigo:
No próximo conteúdo da série: “Depois do Diagnóstico: O Que Acontece Quando o Câncer de Próstata É Confirmado” descubra as opções de tratamento, os caminhos de esperança e os depoimentos de quem enfrentou a doença de frente.